Saturday, April 29, 2006

Um dia de praia


Acordei sozinho numa cama enorme e ainda quente do teu corpo. O teu cheiro na almofada fez-me sorrir e fechei os olhos para te poder ver a dançar nua sobre o nosso amor. Abraço os lençóis que foram teus sentindo o toque suave da tua pele contra a minha. Tenho de me levantar mas o meu corpo não reage, lânguido na cama deixo-me ficar mais uns minutos sentindo a tua presença e os teus beijos. Atiro-me para a banheira e para um duche que por mais frio que fosse não conseguia apagar a forma ardente como te despediste de mim naquela manhã. A água escorre-me pelo peito lembrando-me da tua língua quente e húmida a percorrer-me o corpo sequioso de ti e das tuas mãos.

Visto qualquer coisa e parto de encontro ao sol. Quero encontrar-te e sei exactamente onde te escondes. De carro aberto, de cabelo ao vento, vou em velocidade acelerada rumo ao mar lusitano que beija as praias como os meus lábios beijam o teu pescoço terno e desenhado com o rigor de um artista. O rio invade-me os olhos com o seu azul, fresco e lindo, ofusca a cidade que nas minhas costas me cumprimenta com um sorriso de cumplicidade. A música cantada pelo rádio relembra-me momentos já idos mas tão presentes na minha mente, lembro-me de as dançar contigo na intimidade de uma dança a dois longe de pistas cheias e de olhares de ciúme que nos fulminavam sempre que orgulhosamente saiamos.

O calor aperta e a brisa que nasce do mar sopra agora com um sabor a fruta junto ao meu tronco. Avanço para a praia e dispo as poucas roupas que me escaldavam a pele. Descalço-me e toco a areia que quente me recebe. Os pequenos grãos que entre os meus dedos fogem arrepiam-me e vejo-te naquele sol, naquele mar e naquela areia. Deito-me como se me tivesse a deitar contigo e beijo um vento vindo de ti. A minha pele arrepiada procura-te no céu e de olhos fechados busco-te na onda que atrevida morre nos meus pés. O calor sobe-me pelas veias e quase que faz explodir o meu peito. A pele queima-me e o som das tuas palavras excitam os meus ouvidos. Peço a medo uma bebida no bar de madeira que de forma magistosa rege o areal. Fresca e cheia de gelo percorre-me a garganta, fugindo desavergonhada pelo peito e escorrendo junto ao umbigo que já grita de paixão. Na trinca da laranja travo o teu sabor e no escorrer do seu sumo provo o teu corpo. Quero sentir o teu suor no meu corpo e mergulho num mar calmo e frio em busca de ti e dos momentos que só nós dois conhecemos. Fios de algas entrelaçam-se nas minhas pernas como mãos acariciando-me e provocando sensações únicas arrancadas do mais profundo do meu ser.

Com arrepios de frio a percorrerem-me a espinha regresso a casa, com os lábios secos e rasgados pela saudade dos teus beijos. A viagem dura uma eternidade e a tua face permanece sorrindo no vidro do carro, quase me fazendo despistar em busca do teu olhar. Milhares de emoções varrem o meu corpo como um tsunami de paixão e erotismo que só se satisfaz na tua praia e que na tua areia quer morrer. Dou por mim à porta de um apartamento que é teu, um espaço proibido. Invadi-lo é loucura mas a tentação impede o meu lado racional de intervir. Subo as escadas a medo, tremendo de emoção e já junto à porta escorro a mão pela parede até encontrar o botão da campainha. Após dois toques tímidos o silêncio torturou-me durante uns segundos. Finalmente, numa imagem de vénus e luxuria, abriste a porta trazendo sobre ti apenas uma camisa azul bebé, semi apertada e transpirando sensualidade. Abriste o mapa da tua sala e sorriste para mim do outro lado do sofá. De copo na mão brincavas com as minhas pernas lançando os teus pés sobre mim em investidas de espadachim que me faziam trocar as palavras e morder os lábios. A música já nem me lembro mas sei que tocava conivente no leitor. Num gesto suave lançaste os teus braços sobre mim e torturaste o meu lóbulo direito enquanto com as mãos abrias a minha camisa, colando o teu peito ao meu. A suavidade do toque levava-me ao Olimpo em viagens intensas e doces. Milhares de beijos foram trocados em longos abraços e carícias intimas e tão únicas como os teu olhar. Levaste-me pela mão para o quarto e despiste-me de preconceitos com deleite e paixão. Numa cama que se fez nossa fomos uno. De corpos colados e cabelos entrelaçados desafiamos o mundo e tudo à nossa volta e parámos o tempo em todo o universo. No final fechaste-te nos meus braços e de sorriso nos lábios cerraste os olhos adormecendo gentilmente em mim. Lembro-me de ter ainda olhado de lado para o piano que do fundo do quarto nos observava e na minha cabeça ter escutado a tua música antes de finalmente deixar de resistir e adormecer. O meu último pensamento foi para os teus beijos que ainda hoje recordo meus e sinto nos lábios que carnudos esperam por ti a cada onda, a cada brisa e em cada pedaço de areia, naquela praia que é só nossa.

Thursday, April 27, 2006

Mãe


É tarde, a escuridão da noite invade a sala onde meio despido descanso as minhas mãos sobre um teclado já gasto por longas horas de desabafos e partilhas. O Cd toca uma música de tempos idos num volume baixo, como com medo que eu oiça. Preparo uma bebida, sem gelo, nunca ponho gelo, dá cabo do sabor. De copo na mão e olhar perdido na parede deixo voar livremente os meus pensamentos. A música toca agora mais alta conduzindo a batida do meu coração que pede agora licença ao peito para se fazer ouvir. Sinto o sangue das veias engrossar à medida que o cantor partilha a sua dor. Dou um trago, não muito apenas molho os lábios e vagueio os olhos por molduras penduradas na minha imaginação. Sem querer sorrio, de olhos bem fechados como se tivesse medo que aquelas imagens me deixassem, mantenho-me em silêncio numa sala enorme só para mim e que foi pequena para dois.

O som de uma nova mensagem faz-me acordar e viro a minha atenção para um telefone que jaz quieto no meu colo. Não vejo quem é, seja quem for eu hoje sou engano. Lembro-me de palavras sábias da minha mãe, da festas que com carinho me dava e dos seus abraços. A sua imagem dá-me força e faz-me soltar uma lágrima. Quando penso em tudo o que já me aconteceu e depois olho para a força dela só posso continuar a lutar. É uma mulher fantástica, acho que nunca lhe disse isto nos olhos, talvez nunca o vá dizer mas é a minha inspiração. Só Deus sabe o que já sofreu, por ela e por todos nós. Deu a vida dela pelos filhos e por cada lágrima que lhe damos responde com um sorriso. Sinto que me beija cada vez que respira e sonha com os filhos cada vez que dorme. Nada que eu possa fazer alguma vez vai poder alcançar toda a grandeza dela. O pouco que sou hoje devo-o a ela, pelo seu carinho, pela sua força, por tudo o que me ensinou, pelos abraços que me deu, os seus beijos sempre ternos e o seu sorriso que nunca me foi negado mesmo nos momentos de dor.

Não sou católico mas rezo para que Deus nunca a leve. Ao escrever estas linhas os meus olhos traem-me. O ecrã fica embaciado por lágrimas que não contenho mas que em nada me envergonham. Ah como lamento que só ao fim de 30 anos se sinta aquela vontade única de estar com ela, as noites que a deixei preocupada por uma namorada qualquer, e as tardes que lhe neguei por um amigo de ocasião, os beijos que não lhe dei e os abraços que lhe neguei. Às vezes penso: será que ainda vou a tempo? Ainda hoje, cansada, doente ela dá tudo o que tem todos os dias e nós nem reparamos no seu sorriso por apenas receber um beijo.

Nunca serei mãe na vida mas amo a minha e por mais anos que viva não lhe vou dizer isto as vezes suficientes, não lhe vou agradecer as vezes suficientes, não a vou acarinhar as vezes suficientes. Já com o copo vazio limpo as lágrimas e relativizo toda a minha dor, mais uma vez foi ela que me ajudou e me mostrou que há dores maiores e quando tudo falha, quando tudo magoa tenho sempre o seu colo onde me esconder. Talvez falhei, talvez não, talvez tudo mas fui feliz e nos seus braços sempre tenho um sorriso porque ela é minha mãe e eu sou seu filho e isso nem Deus há-de mudar.

Monday, April 24, 2006

Sofia


Sou Tio!! É fantástico! Ao fim de nove meses a Sofia nasceu e veio aumentar a família de uma forma excepcional. É linda, de olho azul e expressão sempre atenta. De bochechas bem rosadas e com pouco cabelo ainda, domina toda a plateia concentrando em si os olhares e atenções de toda a família. Os meus pais, avós babados da primeira neta, não vêm outra coisa e até o meu irmão, habitualmente insensível as estas coisas, ergue-se com orgulho da sua nova posição de tio. E o que dizer da minha avó? Agora passou a Bisa e está tão contente por isso.
A minha irmã está óptima, o parto foi estupendo e nada a fazia mais feliz, parabéns aos pais mas um beijo especial para ela que eu vi crescer e que protegi tantas e tantas vezes e agora é mãe. A vida é curiosa, corremos de um lado para o outro, fazemos pequenos dramas com grandes contrariedades, gastamos energias e perdemos anos de vida com preocupações e depois, como por magia, tudo se transforma e tudo fica relativo. Quando soube da notícia sai disparado, esqueci-me de jantar, do trabalho, das reuniões, tudo deixou de ser importante e quando olhei para os seus olhos foi como se tivesse ficado hipnotizado. Nada acontecia, aliás tinha um vidro grosso a separarmo-nos mas não conseguia desviar o olhar da minha sobrinha, é fantástico, é realmente algo único. Sou Tio e adoro e só espero poder vir a experimentar esta sensação mais vezes. Um beijo para ti Sofia que ainda agora nasceste e já te tornaste tão especial.

Tuesday, April 18, 2006

Noite Ardente


Eram já onze da noite, olhei de lado para o bar num laivo de voyer atrevido de quem com um sorriso confiante observa todas as mesas. O meu olhar parou a meio. Sentada num banco alto, de costas direitas, ombros perfeitos e cabelo solto, uma mulher prendeu-me a atenção. Estava de costas desnudadas num top preto de cortar a respiração, a sua cintura fina e morena queimava a mais gelada das cervejas. Numas calças de ganga de cintura descaída reinavam duas pernas lindas, esculturais que terminavam de forma suave em pés perfeitos, adormecidos no verde azulado de dois sapatos femininos de corte perfeito e elitista. Atrevi-me a dirigir o meu corpo até aquele lugar de culto, de prazer e de inspiração. Sentei-me ao seu lado a medo, com aquele nervoso miudinho que faz tremer as pernas e acelerar o coração. Durante uns minutos que pareceram horas lutei com os meus lábios para dizer alguma coisa. Como é que alguém como eu poderia ficar com uma mulher daquelas? O frio percorreu-me dezenas de vezes a espinha e de repente, como se de uma força divina se trata-se, uma voz fez-me avançar num acto de loucura e coragem que eu nunca tinha experimentado antes. Peguei no meu copo meio cheio e dei um golo para amaciar a voz.
Nesse momento ela olhou para mim e sorriu. Como era possível? Foi nessa altura que lhe observei os olhos, eram lindos, de um tom invulgar e único que encadeava de beleza quem se atrevesse a olhar. A face era perfeita, parecia uma estátua romana, linda, algo como eu nunca tinha visto e de sorriso fácil saindo de uns lábios quentes e meio carnudos em tons de paixão ardente e desejo incontrolável. Aproximei-me e mal me sentei ao seu lado senti a sua mão na minha perna e uma voz de mel beijou-me os ouvidos com uma pequena frase que me deixou louco. “Já te tinha visto ao entrar, porque demoraste tanto tempo a vir até aqui?” disse ela. O meu coração quase parou, as palavras não queriam sair engasgadas num turbilhão de emoções e medos que atrofiavam agora a minha mente. Tentei soltar-me daquele chorrilho de fantasmas que me obstaculizava a voz e me enevoava o pensamento. Mais uma vez foi a sua voz calma que comandou o momento, pagou a sua bebida e com um piscar de olho convidou-me para sair dali para fora. Escusado será dizer que estava fora de mim, totalmente fora de mim e ela solta e descontraída, controlando a situação, como que sabendo com exactidão os passos obrigatórios para aquela dança.
Deixei-me ir à aventura pelas ruas cheias da cidade. Passeamos pelas luzes conversando e namorando a lua que lá do alto nos observava, cheia, num branco imaculado e brilhante. Saltamos ruas e pracetas, brincamos nas avenidas e divertimo-nos nas esplanadas. Dançamos junto ao rio e quando a música não ecoava no ar cantávamos canções da moda. O tempo voava e eu nem o sentia, era como se naquele momento o mundo tivesse deixado de existir, tudo à volta desaparecia e apenas os seus olhos me guiavam no meio de todos aqueles cruzamentos de pessoas. De repente, pegou-me na mão e aproximou os seus lábios do meu pescoço, e num tom confiante sussurrou ao meu ouvido aquele pedido que se viesse de Deus não seria mais divino: “leva-me até casa, quero partilhar o nascer do sol contigo.”. Desta vez não hesitei, segurei-lhe na mão e conduzia ao meu carro. A viagem foi rápida e intensa, não trocamos uma única palavra mas nem por isso o diálogo foi menos fogoso. Sorrimos e brincamos com o olhar durante todo o caminho e tentamo-nos tanto que as mãos não conseguiram ficar quietas saltando de um banco para o outro entre pernas, coxas e outras tentações.
Passados poucos minutos chegamos à porta de um prédio de cores suaves e linhas direitas. Entramos directamente para a garagem e subimos agarrados no elevador em abraços fortes e quentes, tão quentes que quase fizemos disparar o ar condicionado do aparelho. Na porta da sua casa segurou-me no braço e levou-me quase pairando até à sala. Era um espaço amplo e aberto, sem muitos moveis, em tons de preto e encarnado e com uma janela de parede que dominava toda a assoalhada. Pediu-me para preparar uma bebida enquanto ia até à cozinha. Preparei um gin, nada muito forte, e deixei-me relaxar numa cadeira suspensa que junto à janela contemplava o Tejo. Ela não demorou mais de dois minutos, vinha já sem casaco, de ombros descobertos e com uma taça de uvas pretas e brancas na mão direita. Sentou-se ao meu colo, de frente para mim, traçando as pernas nas minhas costas. Senti a respiração a parar e o corpo todo a tremer por dentro. Tirou uma uva de dentro da taça e espremeu-a de forma suave junto ao meu peito deixando o sumo escorrer um pouco sobre mim, então deixou-se descair e com a língua lambeu de forma sensual todo aquele sumo que já ardia sobre a minha pele. Subiu por mim a cima e deteve-se no meu pescoço. De mãos no meu cabelo dominou-me todo o tronco e fez-me fechar os olhos de prazer. Quase que me beijou e fugiu, não com medo, não com receio mas numa atitude de provocação que me queimava de desejo. Perdi os meus dedos pelos seus fios de cabelo ondulado, brincando como um miúdo por entre aqueles rios de prazer perdidos ao vento, que sobre o meu peito reinavam. Com um sorriso no olhar despiu-me a camisa e cravou as suas mãos no meu tronco passeando com as unhas finas pelas minhas costas enquanto me beijava os meus abdominais. Do nada, como num instinto repentino, subiu e a dois centímetros de mim pediu-me que a beijasse. Num segundo segurei-a firme junto a mim e de forma suave colei os meus lábios aos dela. A sala estremeceu nesse momento, as porcelanas bateram nas paredes e os quadros saíram do sítio. As nossas línguas perderam-se numa orgia de loucura que consumia tudo à sua volta e molhava-me o corpo de prazer.
Levantei-me da cadeira com ela ao meu colo e encostei-a ao vidro da janela. Soltou um uivo quando o gelado do vidro se colou às costas desnudadas, cravando as unhas nas minhas costas provocando em mim uma dor com sabor a quente. Mordi-lhe suavemente os lábios enquanto as suas pernas me apertavam cada vez mais e o seu peito, direito e firme, tocava no meu já desejoso de a sentir. De olhos uns nos outros tirei-lhe o top de forma decidida enquanto ela se torcia de deleite. Rocei o meu peito no dela e deixei-me descair até poder beijar-lhe os mamilos enquanto as minhas mãos se perdiam pela sua cintura morena e delgada. O seu tom de praia fazia contraste com a pouca luz que agora iluminava a sala. Atirou-me com força para o sofá de pano cru que envergonhado assistia a tudo. Já sem calças avançou para mim despindo-me a uma velocidade tão lenta que eu sentia as gotas de suor a cair-me da testa enquanto as minhas calças desciam pelas minhas pernas. Todo eu tremia e ela sorria só de olhar para mim. Segurou-me nas boxers com os dentes e sem piedade deixou-me nu e indefeso. Resisti, levantei-a de novo no ar e numa elevação de força sentei-a nos meus ombros. Completamente nus, entregavamo-nos agora um ao outro sem pudor. De pé, com ela sentada nos meus ombros, enquanto as suas mãos se equilibravam no candeeiro, beijei-a junto às virilhas de forma terna, suave e húmida, sentido o seu calor e o seu desejo, enquanto da sua boca brotavam gemidos de prazer. Apertava-me a cabeça com as coxas em movimentos contínuos e ritmados, apertando e soltando enquanto gritava em surdina. Antes de se deixar perder virou e assentou os joelhos nos meus ombros descendo com os lábios pelo meu peito até ao meu ventre. Com a sua boca húmida e língua quente saboreou-me enquanto eu transpirava de gozo. Ficamos assim até perder as forças, de pé, invertidos nos sentidos e unidos na loucura. Deitei-a no chão e mais uma vez os gemidos rebentaram dos seus lábios. Amei-a de forma lenta, quase provocatória, fazendo-a tremer debaixo dos meus braços. Ela pedia-me mais e o seu corpo insinuava movimentos mais rápidos que eu de forma firme impedia, pressionando a sua pélvis com o meu corpo já molhado.
Vinda do nada, a sua mão direita lançou-se sobre os meus cabelos puxando-os para trás. Fez-me sair e levou-me até à mesa onde atirou tudo para o chão e deitou-me de costas sobre a madeira preta e assustada. Sem hesitações sentou-se em cima de mim e ao seu ritmo em movimentos circulares usou-me sem contemplações. Prendeu-me as mãos com vigor e deixou cair o seu suor sobre os meus lábios enquanto me apertava o peito e dominava o corpo. Fui dela durante algum tempo, nem sei quanto. A minha cabeça disparava em todas as direcções, navegando por mares distantes e nunca vistos. Agora gritava eu. Ela tapava-me a boca envergonhada enquanto me arranhava as costas e mordia o pescoço e as orelhas. Estava louco, que corpo, que olhar, que noite. O Sol já nascia ao longe quando lhe peguei pelos braços e a fiz ajoelhar na cadeira de baloiço. Devagar, sem pressas, amei-a com o meu peito nas suas costas. Deixei descair as mãos para as suas ancas e apertei-as, que firmeza, que pele suave e fresca, cheia de força e vigor e que arredondada pelas formas despertava em mim pensamentos libidinosos e únicos. O ritmo aumentou, o tom dos seus gemidos era agora mais alto. De uma forma sensual atirou os seus longos e sedosos cabelos para trás batendo com as pontas na minha face e encharcando-me com o seu suor. Aumentei a velocidade e ela sentindo apertava-me cada vez mais coordenando agora os movimentos com vagidos sentidos e altos. Mais rápido, pedia ela, e eu já extenuado avancei naquela luxúria e dei tudo o que tinha no meu corpo para dar. Finalmente o êxtase simultâneo acompanhado por um bramido louco e incontrolado.
Derreados deixamo-nos cair sobre as cadeiras da varanda sentindo no corpo o calor do Sol que já alto sorria para nós. Caídos um sobre o outro, beijando o seu peito com a minha testa fechamos os olhos sem dizer uma só palavra e abraçamo-nos de forma firme e sentida. Lembro-me do meu último pensamento antes de adormecer, mas não partilho. Toda aquela noite foi especial, aquela mulher que era agora minha era especial e aquele pensamento, só meu, tão meu, é algo que vou guardar até ao fim dos meus dias. Já de olhos fechados beijei-a e deixei-me dormir.

Monday, April 17, 2006

A morte de um filho

Quero sentir o teu vento na minha cara, nessa estrada que me fizeste percorrer, sem destino, sem origem, apenas um cheiro que me guia e me orienta pelo meio do nevoeiro cerrado e perfumado. Não te vejo, tenho dias em que já nem te sinto mas continuo a caminhar com a esperança de um inocente e com o sorriso de uma criança por esse caminho que para mim traçaste e que cumpro diariamente sem questionar. Não sei o que me continua a motivar, procuro uma míngua prova de ti em todas as árvores das bermas, em cada curva e em cada lomba. Revejo-te em cada carro, em cada face que comigo se cruza mas em todas elas tu te afastas e conduzes para longe.
Gostava de poder respirar o teu ar, tocar no teu rosto com aquele carinho especial de quem toca um filho. A vida levou-te para longe e por mais que caminhe não chego perto. Será Deus que não deixa? Será o meu destino caminhar sem direcção, sozinho, perdido na vida, numa vida sem sentido que se desorientou quando partiste? Tenho esperança, grito a minha esperança em voz alta, num uivo longo e sofrido, que tento que chegue até ti, longe, muito longe, onde os anjos brincam e as nuvens se acomodam.
Sei que um dia vou voltar a sentir a tua presença, vou poder tocar na tua mão e beijar a tua testa. Não consegui proteger-te da vida, falhei, não te dei a segurança que evitasse a tua ida e tu foste, partiste de mim e deixaste-me sozinho. Não há dia em que não sonhe com esse pesadelo. Os animais escondem-se à minha passagem e a estrada vai ficando estreita e escura à medida dos meus passos. Estou cansado, estou extremamente cansado. Exausto caminho pela berma, com os olhos molhados pela emoção e dor que me crucifica o peito e amarra os movimentos. A raiva da injustiça invade-me, a cólera cega-me e desfaço as roupas que me protegem porque a pele queima e os ossos estalam de dor. Não quero sofrer mais mas sei que enquanto não te encontrar não vai existir minuto na terra em que terei paz. Deus não deveria permitir Invernos eternos porque a dor da escuridão mata sem nos impedir de respirar. Um dia iremos nos encontrar, no fundo desta estrada irei de novo abraçar-te e choraremos de alegria enquanto eu mato saudades do teu rosto que está para sempre gravado no meu pensamento numa tatuagem de sangue. Até esse dia, até esse dia vou respirando.

Thursday, April 13, 2006

A Pérola


Corri rua abaixo, despido de emoções, vazio de sonhos e ilusões e cheio de nadas e de talvez. Virei uma esquina apertada e esbarrei de frente com uma ilha que sozinha flutuava no meio de todo aquele mar que por entre os prédios corre num frenesim de pernas e braços sem fim. Era linda aquela ilha, tranquila, de praias escondidas e águas calmas. De sorriso aberto mostrou-me um caminho dali para fora, para longe daquela confusão de ódios e paixões, de intrigas e confusões que minam toda a sociedade sem deixar sobreviventes. Fugimos para um café, uma esplanada com a alma e cor, cheia de sol e calor onde deixamos cair os nossos corpos exaustos. Bebemos uma bebida fresca, trocamos palavras sobre a mesa e rimos à gargalhada. Tudo nela me vazia sentir bem, sem pressão, sem cenários. Não havia filmes nem actores, nem cenas, nem takes, nem humores. Não tínhamos de fingir, não havia nada a sentir a não ser a companhia. Partilhamos tudo um com o outro, amores, tristezas e dores, sem culpa nem remorsos. Era sem dúvida uma brisa fresca, uma pérola numa ostra fina, coberta de espuma do mar.

Navegamos por entre o mar, naufragamos no meu lar e jantamos sem pecado. Os seus olhos brilhavam de ansiedade, o seu peito pulava de vaidade e as mãos não paravam quietas. A sala era pequena demais, éramos dois mas parecíamos mais, num entrelaçar de pernas e braços. A minha praia era agora banhada, a foto da parede virou-se envergonhada e a lareira aqueceu o ambiente, ela era louca, era ardente, era um fio de água caliente, era a cor mais forte do arco-íris. Peguei-lhe na mão a medo, carreguei-a ao colo e a meio beijei-a com intenção. Parámos no meio do quarto, de roupa no chão rasgada, de colchas desordenadas, encostei-a a uma parede, beija-a de trás e de frente, numa luxúria de beijos. Respondeu-me com abraços, com carícias, com amassos, com beijos loucos e prolongados, com arrepios de prazer e doçura, com rasgos de unhas pelas costas. Subiu em mim com ternura, mordeu-me uma orelha, que loucura, e deixou-se perder no meu pescoço. Abriu o flanco já na cama, soltou o cabelo, soltou o peito e vincou os braços à minha volta. Torcemos pernas e posições, saltamos almofadas e almofadões, fizemos orgias só a dois. Beijamo-nos durante horas, fizemos amor, fizemos sexo, perdemo-nos sem regras pela casa e adormecemos agarrados, abraçados com muita força, num agarrar herculiano de paixão. Fechamos os olhos e sonhamos, sonhamos com mundos e cidades, com vidas e saudades, com viagens e ilusões. Agarrei-lhe a mão com força, desejei não acordar e deixei-me cair derrotado.

Saturday, April 08, 2006

Pedido a Deus


Em Dezembro passado escrevi um dos textos mais duros que alguma vez as minhas mãos produziram. Reflectia um momento dificil com origem em problemas estruturais da minha vida. Durante estes três meses achei que esse texto não fazia sentido, tinha deixado de fazer sentido até à noite de ontem. Ontem caí ao chão de uma altura que não consigo calcular. Todos os meus sonhos, esperanças e emoções morreram em mim com uma crueldade que ainda não tinha sentido. Sei que vou continuar a viver e a lutar mas nunca como ontem, nunca como hoje, as palavras que escrevi em Dezembro fazem tanto sentido. Por isso quero partilhá-las aqui como quem partilha uma dor ou um luto, na esperança que tal como na quaresma também eu possa ressuscitar.
Há pouco passeava eu por um centro comercial quando dei por mim a vaguear pelo Natal, o que é o Natal? Para que serve? E de onde vêm este espírito? Não pretendo chegar a nenhuma conclusão apenas ocupar a minha cabeça já cansada de tanto pensar. Olho para o lado e vejo o sorriso das crianças, os pais que correm de loja em loja, os amigos que bebem café de barrete na cabeça e tudo porque? Haverá mesmo magia no ar. Decido perguntar a Deus o que é o Natal e ele diz-me no toque de alma que é uma altura de celebração da vida, da paz e do amor, uma altura de desejos e de sonhos e um momento de felicidade. Baixo os olhos fazendo-os morrer no chão. A minha pele estala de seca, uma secura que a vida me impôs e que a morte não me irá aliviar. Todas aquelas palavras, aqueles sorrisos, aquela música e eu não sinto!! As lágrimas correm-me agora pela face como sangue rasgando a carne à sua passagem. O simples respirar dói-me. O ar sabe-me a cinzas de um tabaco estragado que me arranha a garganta e que desce até aos pulmões de forma fria como se de um cinzeiro perdido num qualquer consultório se tratasse.

Celebração da vida disse Ele, como posso eu celebrar algo que não sinto. Consigo sentir o coração a bater, consigo sentir o ar mas será que realmente vivo? Paz?? Qual paz?? Fechar os olhos no silêncio tornou-se sinónimo de tortura, de raiva, de desgosto e de dor. Odeio a almofada e toda a cama que lhe serve de caixão e desdenho os sorrisos que a vida de forma cínica e cruel me dá num amarelo nojento de emoções falsas e desprendidas. Quanto ao amor prefiro nem falar, se os homens amam desta forma eu prefiro não ser amado, se amor é isto eu prefiro o ódio, se amor aquece eu prefiro o frio. Odeio a vida Deus, odeio a sociedade e as pessoas que rastejam nela. Deus, a vida cuspiu-me na cara e sabes uma coisa eu cuspo-lhe de volta. Olhos nos olhos cuspo-lhe de volta.

Deus falaste-me em desejos e sonhos, Deus falaste-me de sonhar, será que ainda sei sonhar? Sonhava em sorrir de forma verdadeira, sentida e honesta, sonhava poder andar pelo mundo e sorrir e receber um sorriso de volta, gostava de sonhar que tudo era realidade e que aquilo que nos dão não é mais que uma ilusão barata feita de papel que se rasga e queima ao primeiro sinal de prazer nosso. Desejos Deus, queres que eu peça um desejo? Tinha tantos quando nasci, lembro-me como tinha a força da vida, nada me podia parar e desejava, desejava tanto que não tinha espaço no peito para tantos desejos. Sim Deus eu tenho um desejo, aliás tenho dois, desejo que me tivesses ouvido quando chamei por ti, que me tivesses dado atenção, que me tivesses guiado e tivesses guiado os outros para que os meus desejos, aqueles puros de criança inocente não tivessem sido destruídos. Não te culpo, tens um mundo inteiro para ouvir, tens a mãe com o filho doente, as crianças que morrem de fome em África porque alguém destrói alimentos algures no mundo para que os preços não baixem, tens milhões de coisas. Sabias que a tua terra está doente? Sabias Deus que o teu mundo é mau? Queres desejos? Aqui vai um desejo, um último desejo, desejava ter forças Deus, forças entendes, gostava que me desses forças como nunca deste nem ao melhor guerreiro, as forças que tu não dás nem às mães para terem um filho, aquela força divina que separa o homem da sua alma. Gostava de ter força Deus, força imensa para me deixar morrer e aí teria paz, aí talvez alguém celebrasse a minha vida, aí existiria amor porque quem ama não deixa sofrer e Tu, Tu que Te intitulas meu pai deixas-me chorar sangue todos os dias. Queres um desejo Deus? Eu só queria um sorriso.

Natal, 2005

Friday, April 07, 2006

A tua praia


Desembarquei de um barco de nevoeiro, por entre nuvens de algodão e açucar. Com todas as constelações como madrinhas, como se Deus tivesse acendido milhões de velas no meu céu, toquei naquelas águas quentes e limpidas, de um verde tão esverdeado que fere o olhar a quem se atreve a tal deslumbramento. Andei sobre a água até chegar à tua praia. Recebeste-me numa enseada de areia e magia, doce, linda e nua, abriste o teu mapa para que não me perdesse nos fios de cabelos que deixaste pendurados em pequenos castelos de areia que desenhaste para mim.

Descalço-me para te sentir melhor. A tua areia está humida e quente, molhando os meus pés e brincando com os meus dedos. Puxo as calças brancas para cima e dou-te a camisa que já transpirava junto ao meu corpo. De forma gentil e apaixonada colocas um fio de missangas no meu pescoço, como me marcando pela paixão, uma paixão que só nós sentimos e que apenas na tua praia temos coragem para a mostrar.

Encostamo-nos a uma das árvores que com paixão plantaste junto à costa e perdemos os olhares no recife de coral que canta para nós uma canção só nossa mas que quero gritar para que todo o mundo possa ouvir. Partilhamos água de coco e trocamos beijos eternos. Os teus lábios são macios como a tua pele, transpiram sedução e molham-me de prazer. A tua língua brinca agora no meu pescoço e os meus olhos fecham-se num turbilhão de emoções e sensações que apenas pensava existirem em sonhos. Perco as minhas mãos na tua cintura e faço-te perder a roupa que ainda tinhas agarrada ao corpo. Desces pelo meu peito nu e arrepiado e soltas o teu cabelo no meu umbigo enquanto as minhas mãos se perdem agora nas tuas longas costas. Puxo-te para mim e já deitados na areia beijo as tuas pernas. Gemes de prazer enquanto murmuras com força o meu nome. Tudo agora é nosso cumplice e as rochas libertam as ondas que o mar quer fazer chover sobre nós. A lua esconde-se de vergonha no céu e até as estrelas coram ao olharem para o nosso amor. Finalmente numa volta de ballet deixo o meu braço esconder-se nas tuas costas e faço-te minha enquanto choras de emoção e juntas ao meu suor as tuas lágrimas.

Trocamos paixões por toda a noite e só paramos quando o sol nos cumprimenta com a manhã. Com um toque de mar deixamo-nos cair esgotados sobre uma toalha de palha colocada por ti no meio da praia e fechamos os olhos enquanto as nossas mãos se juntam tímidas e unidas pela força do nosso amor. Naquele momento senti-me perto de Deus e morria nos teus braços com um sorriso nos lábios. Senti-me a sonhar e naveguei por todos os teus recantos com os meus pensamentos. Fiz-te minha outra vez em sonhos e mostrei-te como era só teu para toda a eternidade. Quando acordei a praia estava vazia, tinhas fugido para onde sabias que eu poderia sempre encontrar-te. Na minha alma cravaste o teu amor e apartir dessa noite em cada grão de areia que piso, em cada onda que nado, em cada lua que beijo encontro o teu amor.

Por ti sofri

Saí do quarto decidido
De casaco castanho vestido
E uma camisa de um azul claro.
No bolso, a leve esperança de quem ama,
De quem não quer alcançar a fama
E procura em ti um suave amparo.

Desci as escadas convencido,
Que tudo e nada estava perdido,
E que no final da noite serias minha.
Viraste-me a cara sem emoção,
Vagueaste pela sala com outro homem pela mão,
Enquanto a minha alma morria sozinha.

Jurei que para sempre te amaria
Jurei ser teu de noite e de dia
E que nada me afastaria de ti
Empurraste-me para fora da tua vida
A minha paixão por ti não é tida
E no entanto foi por ti que sofri

Thursday, April 06, 2006

O nosso lago...


... e o nosso castelo

No fundo da estrada uma pequena vila sorria de forma tímida como escondendo um segredo por detrás das suas pequenas e típicas casas. Poucos habitantes estavam nas ruas aquela hora mas os que estavam mostravam de forma sincera a sua boa disposição e acolhiam os visitantes de braços abertos. Ao fundo da rua principal uma pequena praça abria a vila ao meio e mostrava com um ar de orgulho aquilo que as montanhas não conseguiam esconder. Por cima do ombro um castelo de fadas nascia por entre rochas e neve desafiando as alturas e a imaginação dos homens. A minha alma tremeu nesse momento, era algo único, mágico e deslumbrante. As torres, imponentes, guardavam a vila com o seu poder magnânimo. A pouca luz do dia brilhava nos holofotes que apontavam para as muralhas brancas e imaculadas.

Do outro lado da vila um outro castelo, mais pequeno, de uma cor creme em tons de pastel. Aos seus pés um lago de águas cor de prata corria por entre o vale das montanhas. Em torno um caminho de folhas e terra levava a um pequeno ancoradouro onde pequenos barcos dormiam à espera que os fossemos acordar. Peguei nos remos e levei-nos para longe de tudo aquilo. Durante largos minutos fugimos daquela realidade e navegamos no lago do nosso amor. Tudo era mágico, a montanha, o castelo, o lago e a floresta à volta, tudo aquilo partilhava o que os nossos corações sentiam naquele momento. Acho que nunca estivemos tão perto um do outro como naqueles minutos. Os nossos olhares trocavam pequenas faíscas de paixão e os beijos prometidos eram dados com todo o sentimento que o mundo podia produzir. Naquela estrada fomos amantes apaixonados e unidos em torno do nosso amor.

À noite uma vela acompanhou-nos ao jantar. Lembras-te? Estavas linda, como sempre. Do outro lado da mesa sorrias com sinceridade e eu não fugia a responder-te de volta. Nessa noite abraçamo-nos de forma eterna e nada nos podia separar. Os nossos corpos transpiraram de prazer e o quarto foi pequeno para tanto amor. Acordamos cansados mas felizes e partimos à conquista do castelo onde na tarde anterior sonhamos juras de amor. Subimos a montanha emocionados, num coche puxado por dois cavalos possantes e imperiais. Na porta do nosso palácio choramos de emoção e ao entrar as nossas mãos deram-se numa troca de mimos e caricias que não queria acabar. O beijo na ponte foi de tirar todo o ar dos meus pulmões e o abraço que se seguiu deixou-me no teu peito para sempre. Naquele dia, naquele castelo, no nosso lago, com as nossas montanhas como testemunhas juramos amor e sangue. A minha alma chorou de prazer nesse dia e cada vez que a tua imagem me visita os meus olhos atraiçoam-me dando-me facadas de dor. Que o nosso castelo nunca deixe de reinar naquelas montanhas e que o nosso lago nunca se deixe secar de emoções.

Wednesday, April 05, 2006

Beijo Eterno

Quero sentir o teu paladar fresco em minha boca, saborear o teu perfume com a minha língua e refugiar os meus beijos no teu pescoço. Quero olhar nos teus olhos e sentir a doçura que neles nasce, perder-me nos teus cabelos, esses rios incontroláveis de prazer e leveza e deixar cair a minha face sobre os teus ombros bonitos e brancos. Quero abraçar-te como se fosse o ultimo abraço, quero sentir o bater do teu coração como se fosse o meu e respirar o teu ar e o calor que do teu peito emana. Quero-me perder em ti como um naufrago se perde numa ilha virgem, partindo à aventura dentro do teu ser. Quero ser teu como nunca fui meu e beijar-te apaixonadamente de forma eterna. E se a vida me atraiçoar e me fizer cair que caía nos teus braços e se morrer que morra de desejo, um desejo quente, quase sufocante, em que a tua imagem seja a última coisa que os meus olhos beijem. Estou sozinho mas quero tanto não estar e voltar a sentir o sorriso de um beijo, daqueles que se dão sem pensar e que se sentem ainda antes dos lábios se tocarem. Quero amar-te para sempre num amor sem barreiras, sem limites, sem histórias ou encruzilhadas e onde os nossos corpos sejam um e a nossa vida seja única, numa história de paixão e partilha como o mundo nunca viu. Quero sentir-te mulher e crescer como homem, quero fazer em ti vida e quero sentir saudade sempre que os meus olhos não poisarem nos teus. Quero isso tudo com uma força herculiana e ao mesmo tempo impotente. Quero isto tudo e ao mesmo tempo não posso exigir nada. Quero isto tudo e ao mesmo tempo não tenho nada. Quero isto tudo mas trocava o tudo por um beijo eterno.