Wednesday, May 10, 2006

O fato bege...

O Paulo era um rapaz normal, recém licenciado, recém empregado e recém traído, embora esta parte a namorada ainda não lhe tivesse contado. Naquela manhã Paulo levantou-se como todos os dias às 7h. O sol brilhava no céu como se fosse verão e Paulo decidiu escolher o seu fato bege. Ficava horrível naquele fato mas Paulo adorava e achava que ficava o máximo e aqui entre nós a namorada queria-o era dali para fora. Fez-se ao caminho marmita debaixo do braço com um cheiro a carne assada que ultrapassava em muito o nível máximo de emissão de gases admitido dando um toque de perfume carnal à já estranha personagem. Paulo trabalhava numa dependência bancária na sua pequena cidade e todos o conheciam desde pequenino. A sua alcunha era o carolas, não por ser demasiado esperto mas porque era difícil falhar com uma fisga numa cabeça daquele tamanho.

Era um dia importante para o Paulo, ia conhecer o seu novo chefe. A parte da manhã passou depressa, sem muitos clientes e sem fazer muitas asneiras. Decidiu almoçar no jardim em frente ao banco e numa sombra bem escolhida espalhou o farnel. Quase de imediato foi atacado por um bando de pombos em busca de uma tira de pão. Na confusão da luta entornou sem querer o molho da carne nas calças enquanto um pombo mais atrevido fazia pontaria. Adivinhem onde acertou? Claro, em cheio no meio da testa. Com a descarga do animal a escorrer-lhe pelo meio dos olhos Paulo entrou no banco e de volta ao seu gabinete deu de caras com um homem sentado na sua secretária.

- Boa tarde Paulo, atrasado e logo hoje? Sou o seu novo chefe.

Dizendo isto estendeu-lhe a mão. Paulo acedeu ao cumprimento nem se lembrando do molho da carne. Em segundos a mão e a manga da camisa do chefe estavam cheias de gordura e pedaços de carne. Depois de um chorrilho de gritos Paulo foi enviado para casa para uma troca rápida de indumentária. Paulo correu desalmadamente por aquelas ruas empedradas. Ao chegar a casa repara na mota do seu grande amigo Ricardo estacionada à porta, não liga e entra como um foguete na casa. No sofá da sala a sua namorada semi nua entretia um muito divertido Ricardo. Ao trocarem olhares Paulo nem queria acreditar e quando se preparava para esgrimir a sua fúria eis que a namorada lhe lança:
- Já em casa? Eu não acredito, tenho estado a preparar-te uma surpresa de uma dança erótica e tu estragas-me a surpresa, és indecente.
- Mas, mas eu apenas..
- Não digas mais nada, simplesmente saí.

Desolado Paulo saí para a rua, não pode voltar ao banco, não pode entrar em casa e está sujo dos pés à cabeça, aliás leia-se, ao cabeção. Paulo acabou o dia no mesmo jardim onde o começou recém sujo, recém despedido e recém humilhado por uma namorada que além de traidora até tinha sentido de humor. No meio de tudo isto o nosso herói não deixou de exclamar:
- Que pena aquilo do pombo, logo hoje que estava com o fato bege....

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