Hoje casei-me com o Mar

Hoje casei-me com o mar.

Saí de casa e olhei-o com exaustão. Ele estava onde sempre está, altivo, potente e branco, daquele branco forte que ilumina uma sala e que fere ao olhar. Ao ver-me bateu violentamente nas rochas como um qualquer ritual de acasalamento. Com o Sol como padrinho cedi aos seus pedidos e deixei-me perder no horizonte pelo aquele cantinho de espuma, cor, água, luz, magia ou simplesmente ele, o mesmo ele que me fez mudar a vida, que me fez sonhar e que já me viu chorar, o mesmo ele que sempre esteve lá quando eu precisei e que se escondeu de mim quando eu estava bem, o mesmo ele que agora me recebe de braços abertos, os mesmos braços que se abrem quando eu quero partir e deixá-lo sozinho. Não sou egoísta mas aquele é o meu mar e ele deixa-me ser livre, tal como ele que corre livremente para mim. Hoje casei-me com o mar.